Ao longo da história, as vacinas barraram a disseminação de diversas doenças e permitiram o aumento da expectativa de vida no mundo todo. Hoje, porém, o Brasil, considerado um dos países com maior cobertura vacinal do planeta, registra queda no número de vacinados há alguns anos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2019, 73% da população brasileira foi imunizada e, no ano seguinte, a vacinação atingiu 67% dos cidadãos. A queda se acentuou em 2021, quando apenas 59% do público-alvo buscou se vacinar.
O boicote às campanhas nacionais ocorre justamente pela falta de conhecimento sobre o tema. E, para apresentar informações de maneira leve e interativa, sem deixar os rigores científicos de lado, o imunologista PhD Gustavo Cabral lança o livro Sistema Imunológico e Vacinas, pela editora Almedina Brasil. O objetivo da obra é compartilhar o conhecimento comprovado para o máximo de pessoas possível, de forma simples e ível, para que a ciência não fique restrita a um pequeno e seleto grupo de profissionais e acadêmicos.
Cabral, que é pesquisador na área de desenvolvimento de vacinas no Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas-IV da Universidade de São Paulo (ICB-IV/USP), destaca que a longevidade – de apenas 30 anos até o início do século XX e que chega a mais de 70 na atualidade – é uma das maiores conquistas da imunização.
Embora esse acréscimo se deva a diversos fatores, o combate das doenças transmissíveis responsáveis por quase dizimar populações inteiras é essencial. A tecnologia vacinal distanciou a humanidade da varíola, peste bubônica, febre amarela, poliomielite, tuberculose, tétano, sarampo e muitas outras. Mais recentemente, as vacinas buscam manter a Covid-19 sob controle.
Apesar das diversas discussões sobre as vacinas, algo é muito bem aceito no meio médico e científico: a ideia de que vacinação é a melhor ferramenta preventiva contra doenças infecciosas. Dessa forma, o desenvolvimento de vacinas eficientes e seguras está no topo das prioridades mundiais. E, quem sabe, a gente consiga desenvolver tecnologias aplicáveis em doenças crônicas, como o câncer? Desenvolver vacinas terapêuticas, além das profiláticas/ preventivas, é um caminho que estamos traçando e vamos trilhar até obtermos êxito.
(Sistema Imunológico e Vacinas, p. 64)
Ao dissertar sobre as vacinas e suas tecnologias, o especialista também aborda o sistema imunológico com o intuito de melhorar a compreensão do tema central. Cabral discute as formas de imunidade e seus componentes, assim como os tipos de imunização, e fala, ainda, sobre os nutrientes necessários para fortalecê-la. Na sequência, o autor conduz o leitor a uma viagem na história e no progresso do desenvolvimento de vacinas e revela como o conhecimento moldou os pensamentos e ações dos cientistas.
O autor acredita que conhecer os fatos históricos mais importantes possibilita melhor compreensão das atuais pesquisas relacionadas ao desenvolvimento dos imunizantes. Por isso, faz uma abordagem sobre cada tecnologia aplicada à criação das vacinas e o que se pode esperar da formulação, tendo como base o conhecimento construído no decorrer da história científica experimental e observacional.
Neste livro, ele também revela os processos metódicos que geram resultados confiáveis e aplicáveis e conclui com a explanação das etapas de testes das vacinas, desde as fases pré-clínicas até às fases clínicas, ou seja, em seres humanos, assim como o licenciamento vacinal e o acompanhamento pós-licenciamento.
O título integra a coleção MyNews Explica!, fruto da parceria entre a editora Almedina Brasil e o veículo de jornalismo independente brasileiro. Criada como canal do YouTube, a rede ganhou reconhecimento em 2020 como uma das 10 melhores do país. Também disponível como portal, o canal segue a missão de oferecer informações e análises de qualidade pautadas na diversidade de ideias.
Sobre o autor
Gustavo Cabral é imunologista PhD e pesquisador na área de desenvolvimento de vacinas no Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas-IV da Universidade de São Paulo (ICB-IV/USP). Após concluir o doutorado na USP, desenvolveu pesquisas na Universidade de Oxford, Inglaterra, onde permaneceu por mais de três anos. Posteriormente, trabalhou como pesquisador no Inselspital, Hospital Universitário de Berna, capital suíça. Retornou ao Brasil no início de 2020 e ou a liderar o desenvolvimento de vacinas no ICB-IV/USP com inovação tecnológica.
